Engenheiro explica por que os prédios próximos ao Real Class não estão sob risco de desmoronamento

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Jornal O Liberal, caderno Atualidades, página 2, seção Opinião – Trecho da Coluna de Nagib Charone Filho
domin
, 13 de fevereiro de 2011

Muitos moradores nas redondezas do prédio sinistrado da rua Três de Maio procuram entender qual a influência do abalo sísmico, causado pelo desabamento sobre a segurança dos prédios da vizinhança. É lógico imaginar que isso aconteceu de modo perigoso, forçosamente fissuras haveriam de aparecer na base dos pilares e nas vigas e lajes dos pavimentos mais baixos. A não-existência dessas trincas é um indicativo fortíssimo de que a pequena onda sísmica não foi capaz de causar abalo aos prédios próximos, trazendo a devida tranqüilidade para os moradores.  Além do mais, poder-se-ia pensar que o abalo da derrocada pudesse compactar o solo de base dos prédios vizinhos, causando alterações na compacidade de seus apoios. Nesse caso, os apoios haveriam de se movimentar para baixo, causando muitas trincas na ligação das vigas com os pilares, o que não se percebeu em nenhum dos casos. 

Muitos se perguntam por que o prédio implodiu, na perfeita acepção da palavra? A explicação mais fácil de entender é que a ruptura do concreto armado se dá com pequenas deformações, da ordem de centímetros, e nesse caso, o colapso de um dos pilares transfere a carga desse pilar para os próximos, que também não são capazes de absorver esse peso sobressalente, entrando também em estado de esmagamento. Essa operação entre pilares é muito rápida, não durando mais que poucos segundos. Assim sendo, todo o restante do prédio senta sobre sua base, literalmente, não havendo tempo para rodar e tombar para o lado.

Nagib Charone Filho é engenheiro civil e professor da UFPA.

Meu comentário: obrigada, Professor Charone.

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