Distorçoes na interpretaçao da lei Maria da Penha reduzem efetividade

quinta-feira, 3 de março de 2011

BRASÍLIA — O Centro de Documentação e Informação e o Museu da Câmara abrem nesta terça-feira (2) exposição sobre os 5 anos da Lei Maria da Penha (11.340/06). A mostra contará com fotos, textos, vídeos e documentos que vão descrever o histórico das conquistas das mulheres no Brasil e o que está sendo feito desde a promulgação da lei, além de apresentar exemplos de casos de violência doméstica.

Meus comentários:
A Lei Maria da Penha se tornou um paradigma internacional de combate à violência contra a mulher,mas sua implementação é uma luta que precisa ser renovada diariamente.


Retrocessos graves decorrem de interpretaçoes equivocadas que muitos juízes e tribunais conferem à aplicaçao da lei, que acabam negando a proteçao que o legislador pretendeu dar à mulher vítima de violência  doméstica.


O exemplo mais grave de interpretaçao que causa grave prejuizo às vitimas decorre do fato de muitos juízes entenderem que a mulher deve ratificar em juizo a representação feita na Policia. Eles designam uma audiência especialmente destinada a perguntar se a muher deseja continuar com o processo.


Ora, aqui há duas situaçoes que revelam a inconsistencia jurídica e sociológia de exigir uma nova manifestação da mulher como condiçao de procedibilidade para a ação penal por crime decorrente de relaçoes domésticas:
  • a primeira é que a Lei Maria da Penha não prevê a necessidadede de que a vitima confirme em Juizo a representação feita na Policia, perante o delegado que presidiu o inquérito; 
  • a segunda consiste no fato de que, muito raramente, a mulher tem coragem de ratificar em Juízo a representação feita na Polícia.
Compreendamos as duas situaçoes que tem obstaculizado a efetividde da Lei Maria da Penha:
  1. A Lei 11.340/06 traz um dispositivo que diz o seguinte:


Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.


O que diz esse artigo? Ele é direto: uma vez feita a representação pela mulher vitima de violência doméstica perante a Polícia, ela só poderá se retratar da representação, isto é, renunciar ao direito de ver seu ofensor processado se o fizer perante o juiz, antes do recebimento da denúncia (ou seja, se a denúncia já tiver sido recebida, o juiz não pode acolher renúncia ao direito de representação) e ouvido o Ministério Público.
Qual a intenção dessas exigências? Impedir que a muher seja coagida pelo agressor ou pela família deste a renunciar ao processo. A norma destina-se, pois, a ser uma garantia à lberdade, à vontade da ofendida.
Como alguns (infelizmente muitos) juizes compreendem o artigo? Eles deram uma interpretação oposta ao texto legal e contrária aos interesses da mulher vítima de violência famliar, pois designam uma audiência preliminar cuja previsão não existe na lei.
Na prática deveria funcionar assim:
Caso 1- a mulher não cogitou de renunciar:  a vítima representa perante a Polícia, o MP oferece a denúncia e o juiz dá o encaminhamento normal de todos os processos criminais, que consiste em citação, defesa preliminar, audiência de instrução e julgamento e sentença.
Caso 2 –a mulher mostra-se arrependida e procura o juiz ou o promotor para se retratar da representação. Aí sim, o juiz deve marcar uma audencia antes da instrução para ouvi-la. Essas audiências são exclusivas para os casos em que a vitima, previamente, manifestou vontade de voltar atrás.

Solução: o STJ já decidiu que não cabe a tal audiência preliminar quando a vítima não manifestou espotaneamente a vontade de renuncaiar. Devemos recorrer da decisão do juiz que designa indevidamente essa audiência prévia. Mas a vítima será prejudicada de qualquer jeito pois levará anos até que o TJ-PA decida aquele recurso. 
Outro problema é a falta de um tipo penal de ameaça qualificada, que seria aquela em que há fundadas razões para acreditar que o ofensor vai praticar o mal, vai efetiva-lo.


Portanto, Meninas, festejemos os ganhos, mas nao nos esqueçamos que ainda há um longo caminho a percorrer. 
E também nunca nos cansemos de socorrer as nossas irmãs. Não as julguemos, mesmo que já tenham retornado ao agressor cem vezes depois de um espancamento.Lembremo-nos que muitas não tem condições de resistir e precisam de nosso apoio. 
  

8 comentários:

Anônimo disse...

Mulher é realmente impressionante!

Somos frágeis, porém resistente.
Só nós temos a idéia do que realmente podemos suportar e conquistar.
Somos sim, capazes também de pensar e até argumentar e negociar nossos objetivos.
A lágrima é a maneira que encontramos de expressar nossa alegria, nossas tristezas, nossa dor, nossos desapontamentos, nosso amor, nossa solidão e nosso orgulho.
Só nós sorrimos, quando na verdade queremos gritar. Cantamos, quando na verdade queremos chorar. E ainda, lutamos contra as injustiças e por aquilo que acreditamos. Porque somos irreverentes e revolucionárias.
Nossa sensibilidade nos permite ter certeza que um beijo e um abraço podem curar um coração partido.
Tais incoerências que fazem de nós um sexo fraco. Mas felizes ou infelizes, realistas ou sonhadoras, somos sim, submissa por condição, mas conquistando nossa independência por opinião.

Anônimo disse...

Parabéns SEU dia MULHER! SINÔNIMO DE SENSIBILIDADE, GRAÇA, FORÇA E INTELIGÊNCIA.

suzana disse...

Do oriente ao 8 de março!

Eis que de luto eu luto!

Vou parindo a liberdade,
Desatando as suturas de meu Gozo,
Gritarei no calor da minha tarde:
- Morre opressor malicioso!
E se em chamas um outro corpo arde,
Gozaremos neste ato vigoroso.

Eis que o ontem, hoje eu reputo!

Morrerei, se for o caso, deste fruto,
Fruto de mil dores rebentadas
Da violência, da opressão, do insulto,
Do “Ser mulher” pelo machismo sepultada.
Marcha mulher, segue este impulso,
E neste hoje venceremos, camaradas.

Eis que em meu punho há uma pedra a ser lançada!

Disparo-a, envolvida com os meus sonhos,
Sonho a vida longa e transformada
Petrifico as perdas, multiplico os ganhos,
Empunho agora minhas vestes, arrancadas,
Dispo-me do luto, um “ser” estranho,
Pelo furor de minha sorte à ser lançada.

Eis que o meu “Ser” é de uma classe à alçada!

Um “Ser” em luta reencontra a sua classe
Vejam meus olhos refletindo esta batalha
Dos meus irmão sangue jorrando sem disfarce
Bate no peito o coração de quem trabalha
Parindo a vida, livre, ardente e que oferece:
Alçar poder a quem viveu sob um canalha!


Eis que de luto eu luto,
Eis que em meu punho há uma pedra a ser lançada,
Eis que o ontem, hoje eu reputo,
Eis que o meu “Ser” é de uma classe a ser Alçada!

Anônimo disse...

DIA INTERNACIONAL DA MULHER
DIA DE AVANÇAR NAS CONQUISTAS..
DIA DE ITENSIFICAR A LUTA!!!

Anônimo disse...

Ter um dia da mulher é lembrança da desigualdade. Não há dia do homem, nem do branco, nem do rico, nem do chefe. É que ESSES são todo dia. Resumindo: Se ainda precisa haver um dia da mulher, é que o avanço na luta pela igualdade ainda não chegou aonde devia chegar. Aliás, haver um “dia de” alguma coisa é a melhor forma de não fazer nada a respeito dessa coisa e ainda assim parecer valorizá-la. O que deveria haver é algo assim como um programa que fiscalize o regime de contratação, de nomeação para cargos de chefia, que desmascare e puna a discriminação ali onde ela ainda acontece todos os dias. O que deveria haver é uma mobilização contra a dupla jornada de trabalho, uma campanha massiva pelos direitos iguais de crianças e adolescentes homens e mulheres e pela divisão equitativa de tarefas domésticas, denunciando que deixá-las apenas para as meninas e mulheres nada mais é que uma forma de escravidão doméstica por meios simbólicos. Isso, sim, seria uma bela iniciativa. “Parabéns” e uma rosa não compensam a discriminação diária, a escravidão doméstica, a violência simbólica, as barreiras duplas, nada disso. “Parabéns” e uma rosa são apenas uma forma de dizer que o ciclo da desigualdade hipócrita vai se renovar por mais um ano. É revoltantemente hipócrita dar “parabéns” e uma rosa para a mulher que não teve sua promoção porque é mulher, para aquela que é assediada no trabalho porque é mulher, para a mãe que precisa cuidar sozinha das crianças porque é mulher, para a adolescente que não pôde viajar com o namorado porque é mulher, para a menina que precisa lavar a louça depois do jantar porque é mulher. Essa é uma sociedade patriarcal, preconceituosa e excludente. Então, não me venham com “parabéns para elas que tornam esse um mundo mai s…”, ah, vão pro inferno, vão!

Anônimo disse...

Sou vítima da lei Maria da Penha.
Quero Exclarecer que nou sou contra a lei, pois existem muitos homens violentos.
Mas acho necessário, fazer uma melhor triagem nas delegacias e nos fóruns de violência domética, para ver se o caso realmente se trata da lei em questão.
Fui enquadrado nessa lei, pela mãe do meu filho, com o único intuito de me afastar da criança.
O que seria o caso de alienação parental, pois, tenta me proibir de ter contato co meu filho.
Hoje, basta uma mulher ir em qualquer delegacia de mulheres e mentir discaradamente que foi agredida ou ameaçada de morte, que esse registro se tornará um inquérito no fórum de violencia doméstica.
Nós crescemos acreditando que todos são inocentes até que se prove o contrário. Essa lei mostra que isso é uma falsa verdade.
Hoje estou proibido de me aproximar do meu filho e da mãe dele 250 metros, pois, a juíza sem se quer me ouvir concedeu medidas protetivas de urgência baseada em uma suposta agressão.
Ocorre que no dia que teoricamente "agredi", nem encontrei a suposta vítima.
Estou movendo um processo por denunciação caluniosa art339 do código penal, tenho certeza que será punida.
Bastava apenas ser ouvido que teria como mostrar que estava presente em outro local, pois, o prédio onde possuo escritório, distante na residência de onde diz ter sido agredida 20Km, tem minha imagem no elevador no mesmo momento da suposta agressão, além de compras em débito no mesmo horário.
Compareci a delegacia, prestei depoimento e avisei que minha residência não possui tal distância da onde não psso me aproximar. De qualquer forma avisei que não cumpriria esse absurdo, quem não deve não teme, avisei que se for preso por uma estupidez dessa levaria imediatamente o caso a imprensa.

admirador disse...

A mulher é uma substância tal, que, por mais que a estudes, sempre encontrarás nela alguma coisa totalmente nova. ~ Leon Tolstói

Anônimo disse...

Parabéns, vcs coseguiram! com toda dissimulçaõ inerente a condição feminina, demagogia, conseguiram um instrumento de coação forte, frágeis? não, demoníacas, ardilosas, enfim, com argumento de fragilidade persuadiram toda uma sociedade em prol da sua "causa". Homens, quando pensarem em reagir será tarde, a igualdade plena só se atinge com igualdade de direitos, não com favorecimentos. Dados estátisticos: 70% das denúncias são falsas.

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