Navegação local e habitante nativo da área sob a influência da barragem de Tucurui sao ignorados pelos projetos do governo. Quem importa sao os mineradores e os produtores de grãos

sábado, 27 de agosto de 2011

O jornalista Lucio Flavio Pinto nos dá conta que, no ano passado foi inaugurado no Pará o sistema de transposição da barragem da hidrelétrica de Tucuruí - uma das maiores obras de engenharia hidráulica no mundo. No entanto, segundo o jornalista, a obra ainda é um mistério para os paraenses, pois não se sabe exatamente para que ela serve. 

Lucio Flavio se impressiona com o custo da obra: 1,6 bilhão de reais. E compara: esse custo equivale ao que foi gasto na maior obra de engenharia hidráulica do mundo, que sao as duas portas de aço que protegem das grandes cheias do Mar do Norte o porto de Rotterdam, na Holanda, o maior da Europa.
Além do custo exorbitante, Lucio aponta deficiências sérias na obra: 
  • ela não foi capaz de permitir a navegabilidade da bacia do Araguaia-Tocantins, que drena 10% do território brasileiro, em seus 2,4 mil quilômetros de extensão. 
  • Pelo contrário, "as duas eclusas vão tornar proibitiva a navegação nesse trecho para as pequenas embarcações, que fazem o transporte no baixo Tocantins. Para poder ter acesso aos elevadores hidráulicos e ao canal de concreto, com 5,5 quilômetros de extensão (percurso que será feito em uma hora), a embarcação precisará contar com defensas para se proteger das muralhas laterais das câmaras, que têm 140 metros de extensão. Terão que dispor ainda de cabos de amarração para ficarem engatadas aos cabeçotes flutuantes, e rádio do tipo VHF, necessário para a comunicação com o operador da eclusa. Só farão a eclusagem as embarcações legalizadas junto à autoridade marítima e cujo condutor seja aquaviário, devidamente legalizado".
Essas providências são necessárias para proteger tanto as embarcações que atravessarem o sistema de transposição como as instalações das eclusas. Ocorre que a "esmagadora maioria das embarcações em operação na região não atende a essas exigências e nem possui condições para preenchê-las, por seu custo, proibitivo para esse tipo de negócio". 

O jornalista afirma que essa obra foi feita dessa forma porque a navegação local e o habitante nativo da área sob a influência da barragem sao ignorados pelos projetos do governo, sendo vistos apenas como elementos decorativos da paisagem, haja vista que o objetivo dessas obras é atender grandes e poderosos clientes, como os mineradores e os produtores de grãos. 
O amazonista explica, ainda, que a preocupação dos que pensaram os “grandes projetos” na Amazônia, a partir dos anos 1970 foi a mesma: "identificar os locais onde estavam depositadas as riquezas naturais da Amazônia, como os minérios, e viabilizar meios de transporte até o litoral, de onde a produção seria levada para mercados externos, cada vez mais distantes (em princípio, os Estados Unidos e a Europa; por fim, a Ásia)".
 

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