Mulher foi linchada após oferecer fruta a criança

quinta-feira, 8 de maio de 2014

A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, linchada por moradores do bairro Morrinhos, em Guarujá (litoral de São Paulo), morreu depois de brincar com um menino que ela não conhecia e oferecer uma fruta para ele. É o que sustentam parentes da vítima, que colheram relatos com testemunhas do crime. Primo da vítima, o ajudante-geral Fabiano Santos das Neves, de 32 anos, conta que, no sábado passado, enquanto caminhava pelo bairro, Fabiane viu uma criança sozinha na rua. Além de brincar com a criança, ela teria chegado a dar uma banana para o menino. Fabiane havia feito compras instantes antes. A mãe da criança teria visto a cena e achado a desconhecida seria a tal "bruxa" que assombrava a região, boato que havia sido espalhado pelo perfil do Facebook chamado "Guarujá Alerta".
Possivelmente, as pessoas acharam que ela iria roubar aquela criança e começaram a agredi-la por causa disso. Logo depois do primeiro golpe, ela já não conseguiu mais falar, segundo algumas testemunhas que falaram à família. 
A família da mulher diz que ela gostava muito de crianças, tanto que cuidava dos filhos dela e de outras três crianças durante o dia, que são filhos de uma sobrinha dela. 
A fúria das pessoas que participaram do linchamento fez com que a Bíblia que Fabiane carregava fosse vista como "um livro satânico". "Eles falaram que era um 'livro satânico' e tentaram rasgar. Não viram que era uma Bíblia. Fui eu quem tirou o livro do chão", conta a dona de casa Carla Rosane Cunha Viana, de 47 anos, que testemunhou toda a ação. Ela aparece em um dos vídeos publicados na internet sobre o caso pedindo para as pessoas pararem com as agressões, mas sendo ignorada.
Bruxa a solta
"A bruxa estava famosa no bairro. Ela e essas histórias de sequestro de crianças. Tanto que, quando pegaram a Fabiane, todo mundo começou a espalhar isso por mensagens. Veio gente de moto, de outros bairros, todo mundo veio ver a mulher. E demorou muito, ela apanhou, foi arrastada, jogada, demorou umas duas horas. Queriam colocar fogo nela, mas a Polícia chegou antes", diz Carla Rosane.
A Polícia Civil estima que até mil pessoas tenham ido até o bairro ver o linchamento. O único homem preso até o momento, o eletricista Valmir Dias Barbosa, de 47 anos, afirmou que pelo menos 100 participaram diretamente das agressões.
O delegado Luiz Ricardo Lara Dias Júnior, do 1º Distrito Policial do Guarujá, ouviu duas testemunhas do crime na terça-feira, 6. Outras duas pessoas foram ouvidas na manhã da quarta na Delegacia Seccional da cidade. A expectativa é que novas prisões sejam feitas ainda hoje. 

Dias Júnior, no entanto, afirmou que ainda não tem informações suficientes para dizer como que as agressões começaram.
Um absurdo!!

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